Curta-metragem amapaense dirigido pela cineasta Rayane Penha
No mês de abril de 2022, tivemos a notícia de que o curta Utopia, dirigido por Rayane Penha, é um dos indicados na categoria curta documentário do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Um grande feito para o cinema amapaense e precisamos falar da dimensão desta indicação! O que é esse prêmio? O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro chega a 21ª edição e está confirmada para acontecer presencialmente em agosto de 2022, no Rio de Janeiro. A realização é feita pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais, ou seja, a maior premiação do audiovisual nacional, nosso Oscar Brasileiro.
Premiado como melhor filme no Festival Olhar do Norte e um dos finalistas do New York International Women Festival, o documentário fala sobre a busca de uma filha por histórias vividas pelo pai garimpeiro que faleceu no garimpo. As memórias são traduzidas em fotos, vídeos e cartas que escrevia para a família documentando diversas experiências e dificuldades do lugar.
DESTAQUE
TRAILER OFICIAL
Assista o filme completo
Dirigido por Rayane Penha
O cenário da produção é o garimpo Vila Nova, localizado no município de Porto Grande, e o foco é olhar com mais humanidade para estes homens que deixaram suas heranças de vida com relatos íntimos da vivência no garimpo.
Uma realidade da Amazônia que é pouco falada, divulgada, que mantém até hoje um cenário de esperança e desilusões.
Ficha Técnica:
Documentário Utopia
Argumento, Direção e Produção Executiva: Rayane Penha
Direção de Fotografia: Régis Robles
1º Assistente de Fotografia: Cézar Moraes
Produção de Campo: Silvana Eduvirgens
Som Direto: Klebson Reis
Montagem: Rodrigo Aquiles Santos E Mc Super Shock
Chefe De Maquinário E Elétrica: Marivaldo Rocha
2º Assistente De Fotografia E Assistente De Maquinário: Victor Vidigal
Direção De Arte (Performances) e Makin Off: Luiza Nobre
Trilha Original: Aron Miranda
Mixagem e Masterização: Saturação
Imagens de Arquivo (Raimundo Penha): Cassandra Oliveira e Tami Martins
Colorização E Finalização: Saturação
Identidade Visual: Rogério Araújo (Casa Da Floresta)
Interpretação das Cartas Voz Off: Jones Barsou
Motorista: Cezar Torres
Foto still de Utopia - Regis Robles/Catraia Filmes
NA INTERNET
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Cineasta Rayane Penha
A macapaense, tem 26 anos, é documentarista, escritora, jornalista, com mais de 20 festivais nacionais de audiovisual na conta e também alguns prêmios.
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Para assistir o curta Utopia
Entrevista com Rayane Penha, diretora de “Utopia”
Entrevista concedida ao site AGCOM
AGCOM: Como foi o processo de fazer o curta?
RAYANE: O Utopia é um projeto que nasceu em 2017. Eu estava fazendo um projeto de ficção, na verdade, e o meu pai faleceu nesse período. Ele era garimpeiro e teve um acidente no serviço dele, e acabou falecendo no garimpo. Na época lançou o edital para produção audiovisual aqui no Amapá, o primeiro edital do fundo setorial. Aí eu resolvi inscrever o projeto, só que já de documentário, que trouxesse esse processo de luto do meu pai, sobre a vida dele, sobre as histórias que ele tinha vivido nesses garimpos. E principalmente para tratar sobre o processo de violação, não só da Terra, mas desses corpos que estão dentro desses espaços também. Inscrevi o projeto, e foi um dos selecionados. Eu comecei a realização dele em julho de 2018, a gente gravou ele aqui em Macapá e em dois garimpos aqui do Amapá: o Vila Nova, que era a comunidade onde ele morava e trabalhava, de onde a minha família veio também; e o garimpo do Lourenço, que é o maior garimpo daqui do estado do Amapá, e também o mais antigo do Brasil. (...) O Lourenço fica na região ali pro Oiapoque e o Vila Nova fica entre a Serra do Navio, então é muito oposto e aí teve um processo de produção bem complicado. Mas eu tinha uma equipe enxuta, que participou do projeto, então deu para realizar. Foi muito difícil, porque eu estava vivendo um processo pessoal no meio daquilo, que era a perda do meu pai, e eu via as pessoas falando aquilo e me desestabilizava muito. Mas eu consegui realizar.
"(...) esse é mais um retrato desse processo de desigualdade que a gente vive, porque são lugares em que o Estado faz questão de não alcançar, não existe uma estrutura, não existe educação, não existe saúde, não existe segurança pública, não existe nada, são espaços completamente esquecidos, e que tem que se estruturar ali diante dos seus próprios comandos, em que a vida vale muito pouco."
Rayane Penha
AGCOM: Utopia existe na fronteira entre o documentário e algo mais interpretativo. Como foi navegar entre essas duas esferas?
RAYANE: São coisas que eu gosto muito de trabalhar. Eu sempre me sinto muito livre para construir as coisas. Pra mim todos os projetos são projetos vivos, sabe. Eles pedem para nascer, pedem formas de como nascer. Eu acho que sou só um canal que é utilizado para fazer isso. Utopia veio muito nisso, ele veio dessa ideia do sonho mesmo, para além do nome e do processo que eu vivi, ele vinha nesse lugar do sonho. Eu sempre sonhava muito quando meu pai faleceu, sonhava muitas coisas, então eu quis trazer para o filme esses sonhos que eu tinha. Todas as performances do filme foram sonhos que eu tive ou antes da produção ou durante a produção, eu sonhava e aí ficava "cara, eu acho que a gente precisa gravar isso, faz sentido e é isso que eu quero colocar no filme". E era muito doido, porque pra equipe naquele momento era confuso, as pessoas não entendiam direito, "ah, mas a gente está gravando um documentário", mas eu queria colocar umas cenas aqui de ficção, digamos assim, mais performáticas. Só que pra mim fazia muito sentido, apesar de ter dificuldade de explicar aquilo na época, e depois fez sentido na estrutura do filme. Então eu não me apeguei muito no que era documentário e o que era ficção, eu estava fazendo um filme e aquele filme estava pedindo isso.
AGCOM: Utopia é resultado do primeiro Edital de Produção Audiovisual FSA do Amapá. Em sua visão, como o investimento público impacta a produção audiovisual do estado?
RAYANE: Ele é resultado do primeiro edital de Produção Audiovisual do Amapá, foi uma iniciativa do governo do Estado e do Fundo Setorial do Audiovisual, através da Ancine. Eu sou uma completa defensora das políticas públicas culturais, não só porque eu sou artista, mas porque acredito muito no processo de fazer política. A cultura é um direito nosso, é um direito humano não só da gente produzir cultura, mas da gente ter acesso à cultura de forma gratuita. É muito triste você ver um país que desvaloriza muito a cultura, que não pensa a construção de política pública cultural. E principalmente porque a gente vai formando, porque a cultura também é educação, e se você não tem acesso à cultura a gente vai formando uma sociedade que repudia isso também, que acha que é desnecessário você ter gastos com cultura. Sendo que você salva vidas, você muda a estrutura de vida das pessoas por conta da cultura.
Leia a entrevista completa aqui
Como você pode apoiar esse filme?
Divulgando, falando sobre isso, batendo no peito e falando: é do Norte! É nosso também! É dizer aos quatro cantos que nossa produção audiovisual é forte, independente e precisa não só de apoio financeiro, mas também do apoio afetivo de quem respeita, consome e ama a cultura da cidade de Macapá e da região norte. Portanto, neste primeiro momento vamos falar do Utopia, da indicação ao Oscar Brasileiro, vamos falar do Amapá no topo.
Desde já, muito obrigada!
Página de Divulgação
Layout por Camila Karina
Equipe Utopia